Dezesseis anos depois de sua última visita ao Brasil, Jerry Lee Lewis provou na noite desta sexta-feira (18) que o prazo de validade ainda não venceu. O cantor e pianista norte-americano misturou seus clássicos a um vigoroso repertório de novidades e obscuridades no show de uma hora no Credicard Hall. Para um público dividido entre fãs de terceira idade e gerações mais novas de rockers vestidos a caráter, às 21h40, começou o show de abertura, cortesia da banda de Edinho Santa Cruz.
Liderada pelo guitarrista Kenny Lovelace a banda de apoio de Jerry Lee Lewis não demorou a aparecer. Acompanhante de Lewis desde 1965, o grupo aqueceu o público com seu rock and roll tipicamente sulista, começando com "Slippin' and Slidin'" de Little Richard. Após quatro músicas, com destaque para "Big Boss Man", clássico do bluesman Jimmy Reed, Jerry Lee vem ao palco para delírio do público. Curvado e andando devagar, como é de se esperar de alguém que passou a maior parte de seus 73 anos abusando seu corpo e espírito de todas as maneiras conhecidas, o artista conhecido como "The Killer" ("o matador") se fez reconhecer logo que encostou no piano. Se no show de 1993 o fogo infernal que abalou boa parte de sua vida ainda era visível, para o bem ou para o mal e Jerry Lee Lewis se portou como uma espécie de tio alcoólatra em festa de natal, desta vez o andamento foi mais lento e a sensação de perigo desapareceu. Já a parte musical melhorou consideravelmente. Se por um lado o Jerry Lee Lewis de 2009 é uma figura mais tranquila, gentil e talvez menos excitante, as primeiras notas do clássico "Down The Line", já acusaram se tratar da mesma pessoa. Não apenas a de 1993, como a de 1957. Logo em seguida veio a versão de "You Win Again", cover de Hank Williams que se tornou parte do cânone de Jerry Lee.

Arrepiante, a balada mostrou o pouco explorado lado country do músico, que apesar de ter dominado sua carreira durante mais de duas décadas tem estado num injusto segundo plano. A partir daí, com o apoio da excelente banda, Lewis se focou em lados B, versões e material relativamente recente. Mesmo que parte do público tenha se desanimado um pouco, a escolha priorizou músicas que combinam mais com este momento de sua carreira. Se por um lado faltaram sucessos como "High School Confidential", "Breathless" e "Crazy Arms", foi melhor ver Jerry Lee Lewis explorando seu potencial com um repertório menos óbvio do que assisti-lo requentando clichês sem conseguir manter o pique durante o set. No final, como não poderia deixar de ser, veio a dobradinha de "Great Balls Of Fire" e "Whole Lotta Shakin' Goin' On". Carros-chefe do cardápio do Killer, encerraram a apresentação fazendo a casa tremer.
Amaro Paz



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